Espaço poliesportivo leva assinatura de escritório de arquitetura mundialmente reconhecido
Por Luiz Marinho Júnior
Financiado pela Fundação Ameropa, via
Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição, e orçado em R$ 5
milhões, o Ginásio Poliesportivo da Escola Estadual Professor Dinarte
Mariz, em Mãe Luiza, é fruto da forte ação comunitária do bairro. O
processo licitatório já começou e as obras terão início em agosto deste
ano.
O ginásio abrigará quadra poliesportiva e
arquibancadas para 350 pessoas, assim como salas multiuso e de serviço.
Terá 2.052,5 m² de área construída, e substituirá a atual quadra da
escola, já deteriorada.O projeto foi elaborado pelo escritório suíço
Herzog e de Meron, em parceria com o Centro Sócio Pastoral, e faz parte
de uma ampla visão de desenvolvimento urbano para Mãe Luiza. Vem
alinhado com propostas saídas de um seminário sobre desenvolvimento
realizado pela comunidade no intuito de desenvolver ações que
fomentassem, sobretudo, o esporte, acultura e o lazer.
Visão aérea da atual quadra da escola Estadual Professor Dinarte Mariz (Foto: Adriano Costa)
O conceito arquitetônico do projeto será
executado pelo escritório Plantae (Planejamento Técnico em Arquitetura e
Engenharia Ltda), de Natal, sob a coordenação de Lúcio Dantas,
arquiteto responsável pelo gerenciamento da obra. Como a escola é
administrada pelo Estado, a Secretaria da Educação e da Cultura também
entrou na parceria. O convênio de cinco anos, assinado no dia 15 de
março deste ano, garante que a gestão do Ginásio Poliesportivo se dará
de forma compartilhada. “Será a primeira experiência de gestão
compartilhada entre Estado, uma ONG [Centro Sócio Pastoral] e
comunidade. Estamos muito otimistas. Só há saldo positivo em relação à
valorização da prática esportiva, tanto no cunho pedagógico como no
social”, afirmou Oswaldo Gomes Neto, 23, coordenador da Codesp/RN
(Coordenadoria de Desportos do Rio Grande do Norte).
Para a comunidade trata-se de uma grande
conquista, alcançada graças à movimentação popular. “Vejo a construção
desse ginásio como a concretização da voz do povo que mora aqui.
Infelizmente nossos governantes não dão conta das demandas sociais e a
carência por medidas que ocupem os jovens em atividades saudáveis é
muito grande. Isso sempre foi uma grande queixa da nossa comunidade, que
agora será atendida”, diz a professora Josélia Silva, 44, moradora do
bairro.
Projeto gráfico do Ginásio Poliesportivo (Divulgação/ Herzog e de Meron)
Mãe Luiza é um dos bairros periféricos
da cidade do Natal, situado entre o Oceano Atlântico e o Parque das
Dunas, próximo ao centro. Sua localização privilegiada é fruto das
muitas lutascomunitárias em parceria com o Centro Sócio Pastoral,
entidade filantrópica presidida por padre Robério Camilo com sede no
bairro, e o Departamento de Arquitetura da UFRN. Juntos, propuseram o
projeto que resultou na Lei 4.663/95, de Uso e Ocupação do Solo de Mãe
Luiza. A lei impede grandes construções e regula a atuação da construção
civil, o que freia a especulação imobiliária e o êxodo de moradores do
bairro. Foi condição para que a Fundação Ameropa, com sede na Basiléia
(Suíça),financiasse o projeto.
A entidade suíça desenvolve e apóia
projetos humanitários, agrícolas, sociais e culturais em vários países.
No Brasil, está presente em ações no Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio
Grande do Norte.
Nicole Miescher, presidente da entidade,
travou contato com o premiado escritório de arquitetura, e despertou o
interesse dos suíços pelo projeto, que foi doado à comunidade. Embora
acostumado a desenvolver complexos esportivos monumentais, como o
Allianz Arena, em Munique (Alemanha), e o Estádio “Ninho de Pássaro”, em
Pequim (China), o escritório teve de se adequar aos pré-requisitos da
Lei de Uso e Ocupação do Solo de Mãe Luiza. “Um dos grandes requisitos
para a execução do projeto foi que atendesse à legislação de forma
total”,comentou Lúcio Dantas, 53, arquiteto responsável pela obra.
Nicole Miescher e padre Robério Camilo (ao centro), rodeados pela equipe do Herzog e de Meron
(Foto: acervo do Centro Sócio Pastoral)
Um ponto importante é a revitalização da
escola, que está abandonada, segundo Flávio Pereira da Silva, 15,
estudante do 7º ano. “A quadra está caindo aos pedaços”, desabafou
Flávio. “Espero participar de campeonatos estaduais. Vir aqui nos finais
de semana para jogar. Agora não dá. Temos medo que alguma chapa de
ferro ou arame caia e nos machuque como aconteceu com o teto da quadra.
Eu vi o projeto. Vai ficar muito legal”. Essa é a expectativa que se
percebe junto aos moradores de Mãe Luiza. A certeza de que mais uma luta
valeua pena.
FONTE: Agência FOTEC/UFRN
Nenhum comentário:
Postar um comentário