terça-feira, 15 de março de 2016

Mulheres do Morro: Nalva Martins



Para abrir o nosso especial “Mulheres do Morro” convidamos Nalva Martins da Costa, coordenadora dos Clubes de Aventureiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia da 1ª Região (Mãe Luiza, Rocas, Centro, Nova Descoberta, Bom Pastor e Alecrim). Grande militante no âmbito da “criança-adolescente”, mãe de dois filhos, sua história de vida e ação é mais que pertinente para inaugurar essa grande homenagem as guerreiras de nossa comunidade.

Jornal Fala Mãe Luiza: Quando sua história encontra a de Mãe Luiza?
Nalva: Quando tinha seis anos, já faz um tempinho né. Saímos da Cidade da Esperança para cá quando meu pai comprou uma casa na rua Atalaia e trouxe a família para morar aqui no bairro. Minha infância e adolescência foi toda aqui na comunidade, só saí quando me casei para morar no Rio de Janeiro. Morei 15 anos lá e tive minha filha mais velha. Depois retornei, na verdade sempre me senti parte dessa comunidade.


JFML: A Igreja Adventista é a grande ponte entre você e o trabalho junto a crianças e jovens. Quando você despertou o desejo de conversão?
Nalva: Foi através de meu filho, Nalbert. Na época ele tinha cinco anos e ao visitar uma igreja, que não era Adventista, alguém falou sobre a volta de Jesus e para se preparar que ele estava voltando. Então, Nalbert chegou em casa muito preocupado, até chorando, dizendo que a gente tinha que se preparar que Jesus ia voltar e ele queria morar no céu e não queria que eu ficasse. Daí despertou em mim essa curiosidade, até então eu era uma católica não praticante, nunca tinha lido a bíblia, e quando um grupo de evangélicos passou na rua onde moro eu os chamei e perguntei se essa história de que Jesus ia voltar era verdade. Eles confirmaram, e eu pedi logo um estudo bíblico. A partir daí eu vi que o que tem na bíblia é verdadeiro e pude ler com meus próprios olhos que Jesus estava voltando. A partir daí aceitei Jesus, me batizei, minha filha Monique também e em seguida Nalbert. Me tornar adventista foi um momento de conversão na minha vida, já fazem dez anos que aceitei e acredito na volta de Jesus.


JFML: Dentro dessa caminhada quando surge a oportunidade de coordenar o Clube de Aventureiros?
Nalva: A igreja Adventista é muito organizada, lá se tem atividades para as crianças desde o berço até a adolescência, onde a gente trabalha a área física, brincar, pular e correr, saúde mental e espiritual. Eu coordeno o Clube de Aventureiros, que acolhe as crianças 6 a 9 anos fico com os menores. Quando a criança completa 10 anos vai para os desbravadores que são de 10 a 15 anos. Por exemplo, meu filho, Nalbert, começou como “Aventureiro”, hoje é um “Desbravador”, mais uma vez foi através dele que me interessei pelo clube, estudei me aprofundei no serviço e fui crescendo até ser convidada a coordenar a 1ª região.


JFML: Como vocês buscam transformar a vida dessas crianças através do clube?
Nalva: O Clube de Aventureiros funciona em cima de um tripé: igreja, família e escola. Até porque é preciso esse aparato, a criança é pequena e precisa do acompanhamento de um responsável para ir ao culto ou ao clube. A gente observa o que se passa na vida da criança, na escola e na família, e tenta intervir se necessário sempre em cima da evangelização. Além de todo trabalho e acompanhamento realizado nos encontros, temos também a Rede Familiar de Aventureiros - RFA – composta por pessoas voluntárias, preparadas, que geralmente são psicólogos ou assistentes sociais, que trabalham mais a fundo as questões mais complexas.
Por exemplo, teve um caso de uma criança de 6 anos que acompanhamos, que era maltratada pelos pais. Entramos em ação acionando o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA - intervimos para resolver a situação. A jovem hoje tem 15 anos, a mãe aceitou Jesus e parou de beber. Então o nosso trabalho é esse levar a apalavra de forma completa, e muitas vezes através da criança transformar o seu entorno.


JFML: Teve algum caso difícil de ajudar, de transformar a situação?
Nalva: Claro. Nós temos um limite, então primeiramente a gente hora a Deus para que ele possa nos usar, que possamos levar a palavra certa de conforto para aquela família. Eu como coordenadora, não acompanho diretamente, mas já me foi relatado alguns casos. Aqui mesmo no bairro, já houve casos de jovens que foram dos clubes na infância e na juventude, mas se envolveram com o crime e acabaram sendo mortos. É uma batalha muito grande, o mundo oferece muita ilusão e temos que ser muito firmes na fé, daí a importância do abraço da família.



JFML: Como você enxerga, de uma forma mais ampla, geral, a situação dos jovens no bairro?
Nalva: Encaro com muita preocupação, porque a gente percebe uma grande falta de estrutura nas escolas do bairro. O desemprego também está grande, e tudo isso reflete na vida dos jovens que ficam à mercê de situações de risco. As igrejas fazem sua parte, mas o poder público precisa fazer mais do que está fazendo por esses jovens. Agora por exemplo as escolas municipais estão em greve. O que é que estas crianças estão fazendo nesse tempo? Quem tem uma estrutura boa pode estar estudando em casa. Mas quem não tem? Então, isso preocupa muita.


JFML: Para finalizar. Como é ser mulher em Mãe Luiza?
Nalva: É ser uma batalhadora, uma guerreira e vencedora. Eu por exemplo sou uma mulher divorciada, mãe de dois filhos, adventista, sempre morei aqui e minha postura de vida fez com que nunca fosse desrespeitada e vivesse na graça de Deus muito bem. Criei minha filha aqui também, hoje casada, crio o Nalbert e sou aquele tipo de mãe leoa. Resolvi me doar totalmente a criação de meus filhos e vejo que tudo valeu e vale a pena. Me vejo muito como mulher-mãe e procuro mostrar o caminho da salvação para os meus filhos, tanto aqui na terra como no céu.


SERVIÇO: As mães e os pais responsáveis por qualquer criança, de 6 a 9 anos para os Aventureiros, e de 10 a 15 anos para os Desbravadores, que se interessaram em fazer parte dos clubes, procure a direção da igreja Adventista na rua João XXIII, 502, próximo ao Posto de Saúde da comunidade, nos dias de culto, quarta-feira às 19h, sábado de 9h as 12h e no domingo às 19h30.

Um comentário:

  1. Pra mim foi uma grande honra ter essa oportunidade de poder compartilhar minha experiência pra vocês do bairro de Mãe Luíza, Brasil e do mundo.

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